A TRÍPLICE NATUREZA DO HOMEM
Segundo está declarado, o homem é formado de corpo, alma, e espírito. Isso significa que, etimologicamente falando, ele se compõe de duas partes: material e imaterial.
A primeira parte, o corpo - fala daquilo que é material; a segunda, porém, composta da alma e do espírito – fala daquilo que é espiritual.
O homem sendo uma criatura de Deus, possui mente, emoções e vontade, para que possa comunicar-se espontaneamente com Ele como Senhor, adorá-lo e servi-lo com fé, lealdade e gratidão.
O corpo é o veículo usado pela alma e o espírito. A consciência é o órgão que discernente que distingue entre o certo e o errado. A fé é a crença em um Deus; é o ato de confiar e crer em Deus.
Seria bom reconhecer que, quando necessário, a Bíblia dá aos dois termos um significado distinto e, quando nenhuma diferença especifica está sendo considerada, a Bíblia dá entender tanto a dicotomia (duas partes) como a tricotomia (três partes).
Mas quando há necessidade especifica, a Bíblia define com precisão a distinção de ambos e, evidentemente, o significado do pensamento que se fizer necessário.
Somente a Palavra de Deus estabelece a diferença real entre a alma e espírito: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).
Assim como no início da criação a Palavra de Deus operou na modificação caótica, separando a luz das trevas, assim também agora ela opera dentro de nós, como a espada do Espírito, penetrando até a divisão da alma e do espírito.
Daí, a mais nobre habitação de Deus; nosso espírito. A alma e o espírito, assim distinguidos, não podem se não as duas substâncias imortais da natureza imaterial do homem, entre as quais as Escrituras, ao contrário do que muitos pensam, sempre distingue.
O homem é comparado a um templo, especialmente ao antigo templo judaico. A primeira parte (o corpo) representa o átrio exterior. A segunda parte (a alma) figura o Santo lugar. Enquanto que a terceira parte (o espírito) prefigura o Santo dos Santos.
Para que se tivesse a aproximação dos dois últimos (o Santo e o Santíssimo), se fazia necessário algum sacrifício. O sacerdote dividia o sacrifício, assim também agora o Sumo Sacerdote divide nossa alma e espírito.
A faca sacerdotal era de tal agudeza que fazia com que o sacrifício fosse cortado em dois – sempre no expressivo: “aquelas metades” (Gn 15.10-17).
Essa divisão da alma e do espírito não significa apenas sua separação, mas também uma fenda aberta na própria alma. Visto que o espírito está envolvido pela alma, ele não pode ser alcançado antes que a Palavra da Cruz de Cristo penetre abrindo um caminho (o da obediência) à vontade divina. Quando assim sucede, Deus atravessa as duas camadas anteriores (corpo e alma), alcançando “...com poder, pelo Seu Espírito, no homem interior” (Ef 3.16). Agora, a ação poderosa de Deus opera em nós, não de “fora para dentro” (do corpo para o espírito), e sim, de “dentro para fora” (do espírito para o corpo) e é isso que diz Paulo, por amor de seu argumento: “...todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis...” (1ª Ts 5.23).
O homem é composto, então, de dois elementos: um material e um imaterial. Ao material chamamos corpo. Nele são exercidas as relações do imaterial, tais como intelecto, consciência, alma. Ao imaterial chamamos de alma e espírito. Esta parte imaterial do homem torna-se uma personalidade espiritual. Nesta condição imposta pelo Criador, o homem difere bastante dos outros seres criados.
Sobre o conjunto completo que denominamos ser “o homem”, diz o doutor C.I. Scfield: “sendo o homem espírito, e capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com Ele; sendo alma, ele tem conhecimento de si mesmo; sendo corpo, ele tem através dos sentidos, conhecimento do mundo em que vive”. Portanto, é através do conhecimento do corpo físico que o homem entra em contato com o mundo material. Assim, podemos classificar o corpo como aquela parte que nos dá “consciência do mundo”. A alma inclui o intelecto, que nos ajuda no presente estado de existência e as emoções, que procedem dos sentidos. Visto que a alma pertence ao próprio ego do homem e revela sua personalidade, ela é denominada a parte da “autoconsciência”.
O espírito é aquela parte pela qual nós temos comunhão com Deus e somente pela qual nós podemos compreendê-lo e adorá-lo. Por indicar nosso relacionamento com Deus, o espírito é denominado o elemento da consciência de Deus.
Pr. Elias Ribas Dr. Em Teologia
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